domingo, 9 de agosto de 2009

CARL ROGERS. SOBRE O SEU PARADIGMA FENOMENOLÓGICO EXISTENCIAL EM PSICOLOGIA E PSICOTERAPIA

Coleção beija flor:
Fonseca, A. H. L.

• Psicoterapia e Produção Cultural.

• Psicologia Humanista e Pedagogia do Oprimido. Um Diálogo Possível?

• Apontamentos para uma História da Psi-cologia e Psicoterapia Fenomenológico Existencial

• Carl Rogers. Sobre o seu paradigma fe-nomenológico existencial em psicologia e psicoterapia.

• Gestalt Terapia. Teoria Mínima.





Afonso H Lisboa da Fonseca, 1954 -
Carl Rogers. Sobre o seu Paradigma
em Psicologia e Psicoterapia -- Maceió: Pedang, 2006
ISBN



Afonso H Lisboa da Fonseca.





CARL ROGERS

SOBRE O SEU PARADIGMA FENOMENO-LÓGICO EXISTENCIAL EM PSICOLOGIA E PSICOTERAPIA





Pedang

Programa de Publicação
do Laboratório Experimental
de Psicologia e Psicoterapia
Fenomenológico Existencial
Maceió – AL, Brasil.

2006.

© 2006 Afonso H Lisboa da Fonseca
Carl Rogers. Sobre o seu paradigma em psicologia e psicoterapia.











PEDANG.
Programa de publicação
do Laboratório Experimental
de Psicologia e Psicoterapia
Fenomenológico Existencial.
Rua Visconde de Irajá, 60/105. Pajuçara.
57030-150 Maceió AL.
affons@uol.com.br
http://www.geocities.com/eksistencia/
ISBN

Brasil


2006.




A John Wood,
Amigo querido, bem humorado, despre-tensioso e lúcido mestre.

PREFÁCIO

O paradigma desenvolvido por Carl Rogers contribui de um modo rico e singular com a concep-ção e método do trabalho em psicologia e psicoterapia.
Carl Rogers desenvolveu, de um modo ousa-damente experimental, um modelo finamente fenomenológico existencial para a vivência psicoló-gica e psicoterápica. No burburinho de história social, científica, epistemológica, de Ontologias em que emerge a sua abordagem, uma série de fatores dificultam uma adequada compreensão de seu mo-delo. Levando a distorções, ou a vulgarizações empobrecedoras.
Dentre estes fatores, a própria precariedade, freqüentemente, da explicitação das bases fenome-nológico existenciais do modelo, precariedade da explicitação do nexo fenomenológico existencial de suas concepções e metodologia, e mesmo os natu-rais equívocos, que a história vai revelando. Junte-se a isto o pouco conhecimento da Fenomenologia e de sua história, o pouco conhecimento da filosofia da vi-da de Nietzsche e de Dilthey, o pouco conhecimento dos esclarecimentos de Buber, no meio da psicologia e da psicoterapia.
Estamos, agora, a superar essas limitações Conhecemos cada vez mais sobre cada uma dessas importantes contribuições que contextualizaram o desenvolvimento do paradigma rogeriano.
Nessas condições ressalta a importância, a singularidade, a lógica do paradigma rogeriano.
De modo que podemos apreciar a riqueza de sua aplicação como concepção e método de trabalho psicológico e psicoterápico, nas várias áreas de apli-cação da psicologia e da psicoterapia. Ao tempo em que podemos apreciar como o paradigma rogeriano contribui, de um modo marcante, para a elucidação, e para a constituição, do sentido conceitual e meto-dológico específico deste trabalho.
O presente livro tematiza os fundamentos e nexos fenomenológico existenciais do paradigma rogeriano. Os dois primeiros capítulos discutem o paradigma rogeriano da perspectiva da Fenomeno-logia e do Existencialismo; o terceiro capítulo ressalta a característica de vivência fenomenal – pá-tica – como modo privilegiado de ser no âmbito da vivência da metodologia de Carl Rogers; o quarto capítulo discute o caráter não teorético e igualmente não prático do modo de vivência do paradigma ro-geriano; o capítulo cinco discute características fundamentais das psicologias e psicoterapias feno-menológico existenciais; e o capítulo seis discute algumas questões da concepção rogeriana que po-dem ser melhor enfocadas de um ponto de vista fe-nomenológico existencial.


Enseada de Jatiúca, Maceió, Abril 2006.

SUMÁRIO

PREFÁCIO X
SUMÁRIO XIV
INTRODUÇÃO XVI
1. Carl Rogers. Sobre o sentido da concepção e do logos metódico de seu paradigma em psicologia e psicoterapia I 20
2. Carl Rogers. Sobre o sentido da concepção e do logos metódico de seu paradigma em psicologia e psicoterapia II 38
3. Carl Rogers, o patético. Empatético, peripatético. 48
4. Nem Teorético, nem Prático. Muito menos Pragmático O Paradigma Rogeriano. Fenomenológico Existencial: Poiético. 62
A. O paradigma rogeriano, nem teorético, nem prático; nem pragmático. Fenomenológico existencial dialógico e poiético. 64
B. Do Pradigma Teorético 74
C. O prático e o pragmático; 79
D. O fenomenológico existencial poiético. 81
E. Conclusão. 83
5. A particularidade da psicologia e psicoterapia fenomenológico existencial 88
a. Ontologia 92
b. Epistemologia 94
c. Expressionismo 97
d. Existencialismo 101
e. Concepção da abordagem 107
f. Metodologia 108
6. Algumas questões 124
7. Concluindo. 130

INTRODUÇÃO

Carl Rogers marcou um lugar fundamental na psicologia e na psicoterapia. A novidade de seu paradigma, no âmbito de uma psicologia e de uma psicoterapia fortemente psicanalíticas, ou compor-tamentais --, na América do Norte, e por todo o mundo –, fez com que o paradigma de Carl Rogers tivesse forte a marca de sua personalidade. Às vezes até, de um modo exagerado e reificadamente perso-nalista.
O que não se pode negar é a forte marca pes-soal de Rogers, de sua inventividade, e em particular de sua ousadia, e incansável e obstinada disposição experimental na elaboração de seu para-digma.
À medida que o tempo passa, em particular, empobrece-se a sua concepção e método, se nos res-tringimos ao personalismo, e reificamos personalisticamente a sua abordagem, sua concep-ção e método. Isto porque, para além de sua pessoa, a sua contribuição teórica e experimental configura de um modo muito fundamental, e importante, todo o campo de concepção e método, da psicologia e psicoterapia fenomenológico existencial.
Este campo -- que tem cada vez mais um irre-cusável e importante lugar no âmbito da concepção e método da psicologia e da psicoterapia – tem os seus primórdios no pioneirismo de um Ludwig Binswanger, e de um Medard Boss. Demasiadamen-te tímidos ainda, em termos de concepções e posturas radicalmente fenomenológicas, empirica-mente fenomenológicas, e fenomenologicamente experimentais.
É, podemos dizer assim, depois que a Feno-menologia e o Existencialismo, como propostas de psicologia e de psicoterapia, migram para os Esta-dos Unidos, com a decidida mediação de Abrahan Maslow e de Rollo May, que elas começam a se con-figurar na concepção e método de um paradigma radicalmente fenomenológico existencial, empírico e experimental de psicologia e de psicoterapia.
Com outra história, outros pré-textos, um ou-tro dos passageiros fundamentais da constituição deste modelo é F. S. Perls, com sua ousada, fenome-nológico existencial, empírica e experimental, Gestalt Terapia.
Desde cedo, a inspiração fenomenológico e-xistencial calou fundo em Rogers.
Em particular no meio da cultura da psicolo-gia e da psicoterapia norte americanas, não havia muita clareza quanto ao caráter empírico da Fenome-nologia que Brentano recuperava de Aristóteles. Muito menos da radicalidade da experimentação perspectivativa de Nietzsche, que o Expressionismo europeu decididamente incorporara, marcando pro-fundamente, dentre outros, a Gestalt Terapia.
Mas Rogers intuiu o sentido das fontes. Bafe-jado por Otto Rank nietzscheano, por Buber, e por toda a corrente fenomenológico existencial da épo-ca, Rogers lançou-se à experimentação de sua abordagem não diretiva, centrada no cliente, na pessoa, experiencial; desaguando num modelo de concepção e método de trabalho de grupo, e no modelo de psi-coterapia individual, radicalmente empíricos fenomenológico existencialmente, e, especificamen-te, experimentais, no sentido fenomenológico existencial.
Rogers tinha a obstinação de quem sabia por onde, e para onde, andava, na direção de um para-digma desprovido, em sua vivência, de fundamentos científicos, de atividade ou interesse teoréticos, de metodologias tecnológicas, das forças do moralismo, e das demandas utilitárias e pragma-tistas da prática. Um paradigma que se dispunha a propiciar as condições para a fluência da dimensão poiética da condição humana, no grupo e na relação inter individual, visceralmente aderido à vivência da atualização inter ativa, empatética, peripatética, da potência do possível. Obstinadamente empírico num sentido fenomenológico existencial, e, igual-mente, experimental.
Rogers não chega a teorizar cabalmente este caráter fenomenológico existencial de seu modelo. Na verdade lançou mão de concepções que nem sempre podem ser entendidas como fenomenológi-co existenciais. Mas experimentou profusamente a perspectiva de um paradigma fenomenológico exis-tencial empírico e experimental. Como ninguém o fez. Com a exceção de Fritz Perls. Um destacado companheiro na empreitada, cheia de alegria, inten-sidades, pessoas e realizações.

1. Carl Rogers. Sobre o sentido da concepção e do logos metódico de seu paradigma em psi-cologia e psicoterapia I

1.
Carl Rogers. Sobre o sentido da concepção e do logos metódico de seu paradigma em psi-cologia e psicoterapia I


O Carl Rogers que encontramos na culminân-cia de sua obra, e de sua vida, era, de um modo evidente, superlativamente despojado, e despreten-sioso.
De várias formas. E aqui nos interessa sobre-tudo no que concerne a sua atividade profissional, a suas concepções e método, e ao sentido ensaístico de sua produção escrita.
Carl Rogers era, então, o empirista fenomeno-lógico existencial por excelência; na tradição de Brentano. Fenomenológico existencial, dialógico (Buber), na tradição de Brentano. Mesmo que se pu-desse observar a prevalência de toda uma teorização, metafísica, e mesmo retórica, da tendên-cia atualizante, Carl Rogers já tinha ido, experimentalmente, além; no sentido do logos me-tódico de um empirismo humanista*, fenemenológico existencial, dialógico, em psicologia e psicoterapia, no âmbito das relações humanas.
Desinvestido de qualquer pressuposto de condição e desempenho técnicos, na sua atuação. Desti-tuído de aspirações científicas tradicionais. Ou de veleidades práticas, e pragmáticas. Destituído da crença na efetividade do teórico e da teorização, e do moralismo, em particular, ao nível do existencial.
Sua produção escrita, igualmente, perdera, cada vez mais, as veleidades especificamente teori-zantes, explicativas, ou científicas. E, cada vez mais, se configurava como ensaística, brotando natural-mente da experiência existencial, e vivência fenomenológico existencial, empírica, e experimen-tal de seu trabalho.
Como meio e como via, como jeito de ser, do psicólogo e do psicoterapeuta, do educador, da pes-soa -- em processos de co-laboração na potencialização de metamorfoses, e de estilos exis-tenciais de vida --, o sentido do logos metódico de Rogers radicalizou-se, progressiva, e firmemente, numa postura de abertura para, de privilegiamento, e de afirmação experimental, dos momentos de dia-lógica interhumana (Buber).
O sentido do logos metódico de Rogers radi-calizou-se numa postura de afirmação experimental da concrescência fenomenológico existencial da existên-cia, na pontualidade de seus desdobramentos. Consistentemente arraigado em pré condições de respeito radical -- pessoal e metodológico -- pela al-teridade, pela diferença, do cliente; e de respeito pela diferença e frescor de sua vivência empírico fe-nomenal. Como imprescindíveis condições do privilegiamento do encontro, nesta dialógica interhu-mana. O encontro como vivência de momentos de um modo de ser generativamente existencial, existenciati-vo, poiético.
O quanto, e o como, nos acostumamos a ver -- na vivência de sua relação com o cliente, ou com o grupo, à guisa de metodologia -- a obstinação mansa e rítmica de Rogers, e de seus colaboradores mais imediatos, no privilegiamento, radical, da mera, nu-a, crua, e simples, dialógica interhumana. Não raro, de um modo exasperante, caótico, desconcertante, irri-tante... Mas paciente, pacientemente elaborado, até que, como dizia Perls, o deserto começasse a florescer. Ou, como dizia John Wood, até que a orquestra se afi-nasse, e estivesse em condições para uma ‘performance poiética’.
Mal entendido, muito mal entendido, foi Carl Rogers, muito freqüentemente, em suas concepções e posturas metodológicas. Mal entendido pelos ‘de fora’. E, freqüentemente, mal entendido por muitos dos “de dentro”, que assumiam a incorporação de seu modelo.
Estes, muito freqüentemente, pelo equívoco banal, e danoso, de confundir, e trocar, por motivos vários, o simples pelo simplório. Descurando do ele-mentar, mas tão precioso, e sutilmente conquistado, empirismo humanista , fenomenológico existencial, dialógico, na relação inter humana.
Substituindo por atitudes retóricas, e estereo-tipadas, ou meramente manipulativas, a essência incontornável de vivência de incerteza, de vivência de confirmação da, e de interação com a, diferença do outro; negando-se à vivência de desconcerto, não raro de desconforto, ou de conflito, inerentes à vi-vência deste empirismo inter humano -- fértil, como tal, à germinação da ação, da criação, da existencia-ção.
Não muito longe, outros, por captarem o modelo rogeriano em fases primitivas, quando ain-da havia uma referência importante, e mesmo a aspiração de um certo cientificismo. Com surpresa, os vemos hoje em dia tentando interpretar o modelo rogeriano pela via de um cientificismo pseudo cien-tífico. Inscientes, talvez, do finíssimo e precioso trabalho de Rogers na superação não só do cientifi-cismo, mas do próprio paradigma científico em psicologia e psicoterapia, em privilégio do que per-mite, potencializa e engendra o existencial. Perde-ram o bonde?

Mal entendido pelos técnicos, Carl Rogers. Técnicos que surpreenderiam, evidente e obviamen-te, a indigência de técnicas, de uma metodologia técnica, no paradigma rogeriano. Inscientes, certa-mente, de que Rogers já havia, de há muito, passado pela questão da técnica ao nível existencial das relações inter humanas, e, portanto, ao nível do método em psicologia e psicoterapia. E compreendido que a e-xistência, em seu caráter fenomenal essencial de atualização de possíveis inéditos, essencialmente ir-repetíveis em sua qualidade e processo, não é acessível à efetividade de competência da técnica. A existência, como observou Heidegger , resolve-se ape-nas existencialmente. E Rogers compreendia muito bem, e profundamente, isto. Da mesma forma que entendia a inefetividade, e mesmo o dano, sempre latente, iminente e atual, do abuso da improprieda-de de uma abordagem técnica em questões existenciais. Na verdade, foi esta uma primeira constatação, e uma das primeiras condições de mé-todo, dos psicoterapeutas e psicólogos fenomenológico existenciais.

Mal entendido, Rogers, pelos científicos. Que – pertinentemente -- não reconheciam no paradigma rogeriano, e em sua atividade profissional, a aplica-ção do método científico formal. Nem a aplicação tecnológica, por este paradigma, de um conheci-mento elaborado através dos procedimentos científicos consagrados. Nunca entenderam estes, evidentemente, o sentido propriamente fenomeno-lógico existencial de experimentação.
Bem antes dos cientificistas pseudo científicos em psicologia -- alguns mesmo dos que se dizendo rogerianos, de hoje (pasmem!) --, Rogers entendeu que -- da mesma forma que o paradigma técnico -- o paradigma científico não dava conta do vivido fe-nomenativo, no qual o possível é possível. Nem se aplicava à, ato-ação ao nível do existencial. Na medi-da, em particular, em que o existencial se configura como sendo da ordem do modo humano de ser da ação poiética, e não da ordem do epistemológico.
Não é porque é menos, que o fenomenológico existencial não é da ordem do científico. É, apenas, porque o científico não dá conta do existencial, que nem mesmo da ordem da realidade é. Quanto mais da ordem da objetividade. Diria pessoa pela boca de uma sua personagem,
Estávamos cheias de ser nós. E isso porque sabíamos, com toda carne de nossa carne, que não éramos uma realidade.
Bem ao gosto de Nietzsche , Rogers entendia que o existencial não se conforma ao empistemoló-gico, e epistemofílico, pressuposto científico da busca de verdades. Não se conforma às esferas do co-nhecer, e do conhecimento, e de suas vontades.
Não é por outro motivo que o coração tem ra-zões que a própria razão desconhece (Pascal); e que seria enloquecedooooooorrrrr se amor tivesse a ver com verda-de... (Maffesoli). Mas, mais propriamente, o existencial, experimental, a-ventura-se, de um modo essencial, na incerteza, e na improvisação, da poten-cia criativa, na possibilidade humanamente ontológica da criação da realidade e do verdadeiro.

Mal entendido pelos moralistas. Especial e inconformadamente destronados. Moralistas que, similar-mente aos científicos, não encontravam no paradigma rogeriano a preocupação tradicional com a busca da verdade, com uma busca de adequação a verdades, ou a valores preconizados, nem com a transmissão, ou imposição, de verdades estabeleci-das. Nem mesmo, inclusive, uma preocupação com o positivismo do real, ou com o princípio de reali-dade.

Os pragmatistas chocavam-se, certamente, com a enorme inutilidade e “desperdício” de tempo e de recursos da metodologia vivencial rogeriana. Es-sencialmente incompatível com o prático; em especial, incompatível com o pragmático.
Sem advertirem-se, certamente, de que, em sua especificidade, a existência humana -- eminen-temente da ordem do modo de ser do poiético -- dá-se e desdobra-se, cria-se, engendra-se, resolve-se, ao nível deste humano modo de ser que não é da or-dem do modo de ser no qual se dão o útil e a utilidade. Humano modo de ser, que sem prejuízo do prático e da prática, não é da ordem do modo de ser no qual se dão a prática, o valor do prático e da pragmática.
Ainda que deste fenomenológico existencial poiético modo de ser tudo provenha; e, paradoxal-mente, provenham, inclusive, em suas especificidades, todos os úteis, e as suas utilidades.
Na verdade, como observa Buber , com es-sencial propriedade, o modo humano ontologicamente existencial de ser, não só, não é da ordem do útil e da utilidade, como não o é, igual-mente, da ordem do modo de ser no qual vigoram os fins e os meios; não é da ordem do modo de ser da arbitrariedade, não é da ordem do modo de ser em que vigora a causalidade das causas e dos efei-tos, dos meios e dos fins; a sua fatalidade; nem mesmo é, como observamos, da ordem do modo de ser que entendemos como realidade, no sentido obje-tivo do modo de ser no qual vigora o eixo dicotômico das relações sujeito-objeto...

Para os teoréticos... Que resolvem o mundo em sua abstração... Para os teóricos, Rogers, a santa inco-erência... Uma verdadeira metamorfose ambulante. Congenitamente ingênuo...
De vários tipos, os teóricos, em uníssono, e estereotipadamente, balançam, desaprovadoramen-te, a cabeça, diante do paradigma rogeriano.
Sem se precatarem de que, fundamentalmen-te, Rogers compreendera, em sua efetividade, a distinção específica entre teoria e existência, a dis-tinção entre ação e teoria. Rogers intuíra a distinção entre explicação e compreensão, e intuíra que não existe explicação que possa levar à compreensão (Takuan So-ho). E estava convencido de que, para lidar efetivamente com a condição humana -- com suas questões, com suas crises, superações e crescimento; para lidar com a sua efetiva e específica possibilida-de de ação --, é imperativo fazer-se ao largo do teórico, da teoria e da teorização, e direcionar-se, decidida e radicalmente, no sentido deste delicioso (cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é...), e onto-lógico, modo existencial de sermos. Que é perfeita aderência à ação, à incerteza, e ao devir, fenomenais. E que, especificamente, e por definição, e radical-mente, não é da ordem do modo de sermos em que somos teóricos e conceituais, explicativos.
Não que Rogers fosse um anti teórico. Nada disso. Rogers tinha uma grande consideração pela teoria e pela teorização. Está aí a sua obra escrita. Mas, ainda que se interconectem, e interajam, cada coisa em seu lugar.
Aliás, é de capital importância entender que a vivência empírica é, por definição, não teorética; mas que existe uma diferença fundamental entre o empi-rismo objetivista, tradicional na cultura anglo-saxã, e o empirismo fenomenológico em termos do teórico, da teoria e da teorização: o empirismo objetivista é ra-dicalmente contrário, e avesso, à teoria e à teorização. O empirismo fenomenológico não é a-vesso ao teórico, à teoria e à teorização. Ou seja, igualmente para o empirismo fenomenológico, a vi-vência empírica é caracteristicamente não teorizante, e não se assenta sobre teoria. Mas a teoria pode constituir-se como um outro e relevante mo-mento, a partir da vivência não teórica. Da mesma forma que a teoria pode constituir-se como elemen-to das condições de sua hermenêutica.
De modo que, desde Brentano, não há, para o empirismo fenomenológico, um preconceito e uma aversão ao teórico, à teoria e a teorização. Eles são possíveis e necessários, desejáveis, ainda que sejam estranhos e heterogêneos com relação aos momen-tos particulares da vivência empírica. Que, fenomenológica, não comporta a dicotomia do eixo de referência das relações de sujeito-objeto. Da mesma forma que, evidentemente, não poderia pri-vilegiar o pólo objeto desta relação, constituindo-se no campo da objetividade, como objetivista.

O desafio de Rogers era lidar com a potência humana de superação, e com as dificuldades exis-tenciais neste processo de superação; lidando com clientes de psicoterapia, e de psicologia. Rogers en-tendeu que a atuação, a efetivação, desta potência humana de superação se dá, especificamente, no âmbito do modo de sermos que é pré-teórico, pré-reflexivo, pré-conceitual. Modo de sermos a que ele, seguindo a Goldstein, denominava de experiência or-ganísmica. Modo de sermos a que Dilthey e Heidegger, guardando as devidas particularidades, chamavam, respectivamente, de vivido e de ser-no-mundo. E como atuação do que ele chamava, e en-tendia, como tendência atualizante humana.
No âmbito próprio da vivência momentânea deste modo fenomenológico de sermos, a teoria e a teorização são supérfluos, de pouca valia, inefetivos, impróprios. Quando não perturbadores, repressivos e danosos. Este modo de sermos demanda outras habilidades, equivalentes às de um dançante, ou as de um nadador, ou de um artista, em suas ativida-des próprias.

A questão de Rogers, portanto, era a da expe-rimentação, da definição, e desenvolvimento, de uma concepção e de uma metodologia não teorizan-tes em psicologia e psicoterapia, no trabalho com grupos, e nas áreas a que ele posteriormente se de-dica. Uma metodologia não teorizante, fenomenológico existencial empírica, de vivência, para o cliente, a partir de condições e atuação cola-borativa e sinérgica, igualmente fenomenológico existenciais empíricas, por parte do terapeuta, psicó-logo, educador. Concepção e metodologia fenomenológico existenciais empíricas, poiéticas, mais aparentada do modo artístico de funcionamen-to, o que quer dizer, não teorizantes, não técnicas, não moralistas, não científicas, não práticas.
Quanto a sua própria teorização, Rogers, as-sim como Perls, viu-se preso, e desafiado, portanto, na experimentação e na elaboração experimental da teoria e da teorização, e na elaboração do logos me-tódico, de uma concepção e metodologia de psico-logia e de psicoterapia no âmbito da atuação de um modo de ser,. radicalmente não teórico e não teori-zante. Fenomenológico, existencial, empírico. Modo de ser próprio da existência e da existenciação, sua e de seus clientes, e dos participantes dos grupos que facilitava; modo de ser próprio à dialógica inter humana, interpessoal, e coletiva.
E, coerente, e concernentemente, a sua teori-zação vai se tornando cada vez mais despretensiosa, em termos especificamente teóricos e explicativos, cada vez mais ensaística, à medida que ele mergulha na perplexidade da vivência de atitudes comensu-ráveis com as qualidades fenomenológicas, fenomenoativas, do próprio modo de ser da existên-cia. Atitudes cada vez menos explicativas, e teóricas, cada vez mais implicativas e compreensivas.
Rogers sempre privilegiou, como atitude me-tódica, e como proposta de vivência para o cliente, a experimentação fenomenológico existencial. A dia-lógica inter humana entre terapeuta e cliente. A linguagem dialógica inter humana da existência. Pa-tética. E, com isso, desdobrou e abriu possibilidades preciosas e muito fecundas para a psicologia, para a psicoterapia, para o trabalho ao nível do humano.
Possibilidades nem sempre compreensíveis, em sua essência e características próprias, a partir de um ponto de vista teórico. Ou de um ponto de vista pragmático.
É fundamental considerar deste ponto de vis-ta a obra teórica de Rogers. A sua evolução à medida que se desenvolve a sua experimentação, a natureza especificamente não teorizante de seu mé-todo, e a própria perplexidade da experimentação profissional de uma metodologia, que por existenci-al, era especificamente empírica, não teórica, não conceitual. Daí o caráter essencial e grandemente aberto de sua obra teórica.

É muito importante considerar que a elabora-ção do paradigma rogeriano, um paradigma não teorético, e, por isso, empirista – neste sentido feno-menológico existencial dialógico --, se dá, exatamente, no âmbito cultural hegemônico e forte de um empi-rismo. Mas, especificamente, no âmbito do empirismo objetivista, vigente na cultura norte ame-ricana e anglo saxã. Carl Rogers destaca-se, assim, com a contribuição de uma concepção e método de psicologia e de psicoterapia fenomenológico exis-tenciais empíricos, radicalmente heterogêneos com relação ao empirismo objetivista então predominan-te.
Tudo isto aponta para questões extremamen-te importantes, que dizem respeito, por exemplo, ao fato de que, ainda que sua teorização seja importan-te, o fundamental, em termos da obra de Rogers, não é exatamente a sua teorização, mas a sua meto-dologia não teorizante. Ou seja, o melhor ponto de vista para a compreensão e a apreciação do para-digma rogeriano não é exatamente o ponto de vista de sua teoria. E, neste sentido, é importante conside-rar a insuficiência da teorização, mesmo a teorização de Rogers, para captar e expressar teoricamente a especificidade de seu logos metódico. Até porque, ao morrer ele apenas iniciara, experimentalmente, a definição de sua concepção e metodologia em ter-mos fenomenológico existenciais empíricos.
O mesmo podemos dizer com relação ao pon-to de vista científico, com relação ao ponto técnico, com relação ao ponto de vista prático, e com relação ao ponto de vista pragmático. Como pontos de vista inespecíficos e impróprios para a apreensão e com-preensão do existencial, do fenomenológico existencial empírico, e, portanto, do paradigma ro-geriano.

Como observamos, longe estamos de dizer que o paradigma rogeriano não é teorizável, ou que a teoria e a teorização não sejam importantes no seu âmbito, ou que não existe, na sua aprendizagem, na sua reprodução, e recriação, uma dimensão teórica efetiva. Nada disso. Apenas é necessário colocar as coisas em seus devidos lugares.
Em primeiro lugar, afirmar que o ponto de vista teórico não é o melhor ponto de vista para a compreensão do paradigma rogeriano. Na verdade, é o teórico um paradigma impróprio. A teoria é pos-sível, sim, inevitável, necessária, interessante. Mas, quando efetiva, no caso do paradigma rogeriano, trata-se da teorização de um paradigma cuja vivên-cia, especificamente não teorizante, é qualitativamente descontínua com o teórico. Da mesma forma que podemos contemplar e imagina-mos a água da piscina quando dela nos aproximamos. Outra coisa é mergulhar na água, vi-venciá-la, e nadar, com ela interagir e desfrutá-la, das várias formas possíveis. O momentâneo mergu-lho exige, e implica, outras formas de conhecimento e habilidades, que própria e especificamente não são teóricos, ou teoricamente providos. São fenomenais, fenomenológico existenciais, fenomenativos, pré-conceituais, pré-reflexivos, empíricos enfim.

É interessante observar que Rogers movimen-tou-se e evoluiu, em termos humanistas, dos contrafortes norte americanos da ciência positivista, e objetivamente empirista -- e do moralismo religioso puritano --, em direção ao existencial, ao empírico fenomenológico existencial, corpo-ativo. Em sua tra-jetória, guardava em si, desde o início, o germe do fenomenológico, e do empatético. Mas esta trajetória careceu de se configurar como uma imensa ativida-de de desconstrução. Imensa -- não tanto em quantidade como em qualidade -- atividade de des-construção em psicologia e psicoterapia do paradigma objetivista, do paradigma técnico, do pa-radigma científico, do paradigma moralista, do paradigma pragmático, e do paradigma prático...
De modo que quando Rogers culmina, em seu paradigma, com o privilegiamento da nua dia-lógica interhumana – ou interlógica diahumana -- de sua empatética, um imenso trabalho de desconstru-ção, de cascavilhamento e de experimentação fenomenológico existencial já havia sido operado.

Creio que podemos dizer que, como não po-deria deixar de ser, Rogers deixa a sua teoria bastante inconclusa. Na verdade, o ponto culminan-te de seu modelo é, num certo sentido, em termos teóricos, um ponto zero. Ele chega às proximidades do ponto zero de uma teoria do privilegiamento fe-nomenológico existencial empírico, nu e cru, da dialógica interhumana, como logos metódico de sua empatética.
Podemos ver que, se, por um lado, a sua teo-ria vai ganhando um caráter despretensiosamente ensaístico; e mesmo se são eventualmente flagrantes contradições, descontinuidades, com relação a um modelo, a uma ontologia, e mesmo método fenome-nológico existencial – ao qual ele vai aderindo de um modo cada vez mais radical; por outro lado, a sua atividade profissional vai ganhando um caráter cada vez mais vivencial, cada vez mais empírico e experimental, num sentido genuinamente fenome-nológico e existencial. Caráter que Rogers experimentou vivencialmente, de um modo intenso, em vários contextos, na psicoterapia individual, na vivência de grupo, na resolução de conflitos, na pe-dagogia... Ancorado, é certo, eventualmente, na metafísica de uma tendência atualizante, concebida em bases exorbitantemente biológicas, e apenas en-trevista em seu caráter propriamente fenomenológico existencial de vivência da dimensão humana do possível, e de sua possibilitações.

2. Carl Rogers. Sobre o sentido da concepção e do logos metódico de seu paradigma em psicologia e psicoterapia II

Na medida em que consideramos a dimensão existencial humana, as suas crises e questões, e as suas resoluções, necessariamente especificamente existenciais, compreendemos que a concepção e a metodologia de Rogers são muito sensíveis e refina-das. Não podemos nos iludir com o seu despojamento. Sobretudo, apesar de simples o seu método, não podemos cair no equívoco de confun-dir o simples com o simplório. A confusão do simples com o simplório se tornou às vezes quase que epidêmica entre os “centrados”.
Isto porque, freqüentemente, as fontes da concepção e método, e a própria concepção e méto-do, de Rogers foram mal compreendidos, ou mesmo desconhecidos. E sua abordagem freqüentemente entendida, ironicamente, como o modelo pronto do objetivismo, ou da pragmática, de uma certa tecno-logia da compreensão, adoçada de fragmentos açucarados da retórica de uma imprecisa ideologia dita “humanista”.
Como estamos comentando, o despojamento da abordagem de Rogers atualiza um desinvesti-mento de posturas, de concepções, de métodos, de epistemologias, de ontologias, incompatíveis com o privilegiamento da dimensão do existencial, com o privilegiamento da dialógica fenomenológico exis-tencial do interhumano; incompatíveis com a sua empatética. Foram-se, então, na vivência do logos metódico do paradigma rogeriano, como observa-mos, os procedimentos técnicos, as pretensões científicas, o moralismo, o pragmatismo, as reflexões teóricas, a teoria e teorização, e mesmo as condições definidoras específicas de uma prática.
Cascavilhando experimentalmente, Rogers buscou as condições que pudessem garantir o veio rico do privilegiamento da dialógica do interhuma-no, como concepção e como logos metódico de sua abordagem de psicologia e de psicoterapia.
Primeiro a não diretividade, um dos pilares clássicos de seu paradigma, que marca o seu afas-tamento do paradigma moralista.
A não diretividade é enriquecida pelas condi-ções terapêuticas da compreensão empática, da consideração positiva incondicional e da genuinida-de do terapeuta, na relação com o cliente. O privilégio da “experienciação”. A empatética -- patéti-ca, peripatética -- do privilegiamento dos momentos próprios de vivência (páthica) dos desdobramentos da dialógica do interhumano.
De fato, Carl Rogers efetivamente experimen-tava, em um processo vigoroso, os fundamentos da concepção e método de uma psicoterapia, e de uma psicologia, fenomenológico existencial. Paradoxal-mente, o seu despojamento representava, na verdade, uma apuração experimental, cada vez mais refinada, de condições fenomenológico existenciais de concepção e de método de psicologia e de psico-terapia.

A psicologia e psicoterapia fenomenológico existencial se afirma e se desdobra, no âmbito da cultura brasileira, e mundial, como um interessante recurso de assistência e trabalho psicológico e psico-terápico, e de produção cultural. Quer seja ao nível da psicoterapia, e nas áreas do seu desenvolvimento e diferenciação; quer seja ao nível do trabalho nas várias áreas da psicologia, que se diversificam cada vez mais, e, cada vez mais, ganham em importância. Como, por, exemplo, no trabalho de desenvolvi-mento comunitário, na empresa, na psicologia jurídica, no atendimento psicológico hospitalar, na mediação e resolução de conflitos, entre outras...
No que podemos entender como Psicologia e Psicoterapia Fenomenológico existencial -- efetiva-mente emergente, assim, e florescente em nossos dias, com ricas e importantes possibilidades de frui-ção e de aplicação --, o trabalho de Carl R Rogers tem um papel inegável, fundamental, e fundador.
Muito importante, pois, atentar para isso, uma vez que é seminal e essencial a relação das con-cepções e método de Carl Rogers com surgimento, desenvolvimento e consolidação de uma concepção e metodologia de psicologia e psicoterapia fenome-nológico existenciais. Coisa efetivamente rara.
Não podemos, naturalmente, deixar de aten-tar para a importância do trabalho pioneiro de um L. Binswanger, ou de um M. Boss. E, a seguir, o tra-balho de um A. Maslow, e de um R. May, no desenvolvimento desta perspectiva em psicologia e psicoterapia, inclusive no próprio desenvolvimento e formação de Carl Rogers. Mas coube a Rogers e a F. Perls o momento da experimentação e caracteri-zação da vivência de metodologias fidedignamente fenomenológico existenciais. E, neste sentido, empí-ricas, experimentais, performáticas, e poiético-hermenêuticas.
Durante um certo momento, a teorização de Rogers, como não poderia deixar de ser, atrelou-se aos vieses das psicologias científicas e das psicote-rapias vigentes no meio cultural norte americano e europeu. Desde muito cedo, não obstante, é nítido o movimento de diferenciação do modelo rogeriano com relação ao hegemônico paradigma do empiris-mo objetivista vigente nos EUA. Creio que, teoricamente, apesar de algumas idas e vindas, Ro-gers evolui para uma crise conceitual. Crise esta que morre na formulação de condições hermenêuticas do empirismo especificamente fenomenológico existencial e poiético-hermenêutico. Que se configurava como ca-racterística forte da vivência de seu método, em particular da sua última fase.
Creio que, de um modo importante, o traba-lho de Rogers, a partir de um certo momento, e em significativas dimensões, deixa de receber simples-mente os influxos da Fenomenologia, do Existencialismo, da psicologia fenomenológico exis-tencial existente, e passa a contribuir, de um modo significativo, com a constituição e desenvolvimento destes.
Em particular, como é notório, e característi-co, a sua abordagem foi assumindo um verdadeiro e corajoso strip tease fenomenativo existencial da teoria, da prática teorizante e conceitual -- algo muito pou-co visto --, e centrando-se de modo cada vez mais empírico e experimental (num sentido fenomenoló-gico e existencial) no que podemos entender como o provimento empírico e experimental, por parte do te-rapeuta, do psicólogo, do facilitador, do pedagogo, de condições hermenêuticas experimentais, fenomenoló-gico existenciais, para que o cliente, o educando, o grupo, o participante do grupo, pudessem efetiva-mente interpretar – num sentido fenomenológico existencial, especificamente -–, a sua vivência, as su-as questões existenciais, as suas possibilidades de ser, as suas possibilitações, e resoluções.
Como observamos, não é só da teorização e da conceituação que Rogers vai, fenomenológico e-xistencial, experimentalmente, abrindo mão, em sua concepção e método. Fenomenológico existencial, e experimentalmente, Rogers vai superando, progres-siva e sucessivamente, em sua experimentação, o paradigma reflexivo em psicologia e psicoterapia, o paradigma técnico, o paradigma comportamental; vai superando, igual e sucessivamente, o paradigma científico, o paradigma moralista, o paradigma prá-tico e pragmático. Em privilégio de um paradigma fenomenológico existencial, de cuja elaboração (e, aí, entender o sentido essencial desta palavra) ele con-tribui decisiva e seminalmente. Um paradigma que podemos dizer fenomenológico existencial experi-mental, fenomenológico existencial empírico, dialógico, fenomenológico existencial poiético, her-menêutico.
A importância das elaborações de Rogers se dão, principalmente e em especial, não ao nível de sua teorização, mas, como seria de se esperar em uma abordagem empírica (não teorética), fenomeno-lógico existencial. Ao nível de sua resoluta experimentação fenomenológico existencial de con-cepções e condições de método.
Assim, não se pode apreender o modelo ro-geriano meramente a partir da sua teorização, ou mesmo da sua escrita ensaística. Fenomenológico existencial empirista, no melhor sentido da tradição de Brentano, é no desenvolvimento de sua de sua metodologia que reside a sua especificidade, e a sua riqueza.
Na realidade, juntamente com Fritz Perls, Carl Rogers foi, progressivamente, assumindo um inquestionável papel de liderança no desenvolvi-mento formulação da psicologia e da psicoterapia fenomenológico existencial.
Pouca gente foi tão longe, e, em particular, tão fidedignamente, quanto Carl Rogers, neste sen-tido.

Cremos que a história conceitual e metodoló-gica da Psicologia Fenomenológico Existencial centra-se e centrar-se-á, cada vez mais, no provi-mento -- no âmbito da relação psicológica e psicote-rapêutica -- de condições hermenêuticas para o processo hermenêutico da interpretação fenomenológico existencial, empírica e experimental, por parte do clien-te. Interpretação da força -- da posse -- do possível, constituído como vivido; e em sua ato ação. Num certo sentido, junto com Perls – este com um outro estilo, com uma outra história, com outros pré-textos e textos mais ou menos teóricos --, fortemente bafejados, neste sentido, por Buber, e por Nietzsche, Rogers parece ser um dos propositores maiores des-tas condições, em psicologia e psicoterapia.
De modo que Carl Rogers, e Fritz Perls têm, assim, efetivamente, um lugar bastante diferenciado na gênese, constituição e desdobramentos das con-cepções e métodos das Psicologias e Psicoterapias Fenomenológico existenciais, que emergem e flores-cem em nossos dias, pejadas de interessantes e ricas possibilidades.
É importante que se distinga claramente esta contribuição, uma vez que, freqüentemente, ela não é notada, ou considerada, ou é meramente incom-preendida. Há quem queira diminuí-los... Mas olhando bem, não é pouco, em especial em termos qualitativos, o que eles conseguiram...
Por outro lado, não é raro que se fale de um modo retórico em psicologia e psicoterapia fenome-nológico existencial, já que ela está em moda, e pode até ser chique, sem nenhuma referência a concepção ou método específicos, e sem referência , ou até ne-gando-se, as importantes e qualitativas contribuições de Rogers e de Perls neste sentido es-pecífico. Quando os métodos de Rogers e de Perls, amplamente aplicados, apesar de suas limitações, em particular conceituais, coadunam-se e contribu-em, diferenciada e significativamente, com o caráter fenomenológico e existencial, em particular com a perspectiva de um empirismo aporético e experi-mental, da metodologia em psicologia e psicoterapia.

3. Carl Rogers, o patético. Empatético, peripatético.

Creio que é muito necessário, e até urgente, e fundamental, compreender e definir o sentido do lo-gos metódico do modelo de Carl Rogers como eminentemente patético. Creio que ele, Carl Rogers, muito apreciaria ser desta forma entendido. Na ver-dade, creio que, pela compreensão de uma patética podemos compreender o sentido essencial do logos metódico do modelo de Carl Rogers, esclarecê-lo e desdobrá-lo. De resto, o que não é pouco, estaremos compreendendo iguais qualidades da psicologia e da psicoterapia fenomenológico existencial.
Eu, por certo, não utilizaria termos possivel-mente chocantes para o senso comum, se não estivesse convencido do profundo interesse, neste sentido, de sua utilização.
Naturalmente que alguma operação de limpeza e de esclarecimento precisa ser feita, acerca destes termos, antes de prosseguirmos no argumento. Limpeza, certamente. Porque nenhuma palavra, tal-vez, tenha sido tão pesadamente torcida e distorcida, difamada e degradada quanto à palavra pathos. Na cultura contemporânea, o termo pathos lembra a condição de um rei destronado, em des-graça. Pathos, na verdade, expressa o modo de sermos, no qual vigoram, em seus plenos e efetivos poderes, eminentemente ativos, o afetivo, a emoção, o corpo, o sentido, os sentidos; o vivido, no sentido da vida vivida em sua imediaticidade. Pré-conceitual, pré-reflexiva, não teórica, não prática, não técnica, não comportamental, poiética. Caracteriza o que Buber chamou de modo de ser eu-tu; a vivência que Heideg-ger chamou de ser-no-mundo; a dimensão de ser que Dilthey caracterizou como vivido, vivência.
Ou seja, esse modo de sermos da ‘vida vivida em sua imediaticidade aparescente’, existencialmen-te fenomenal, ativa e criativa, potente de possível. Modo diverso do modo de sermos no qual vigoram a mediação do conceitual, da teoria, da moral, do ci-entífico, do técnico, do prático, do comportamento, da memória, da história.
Esse modo pático de sermos. Que, nas suas tonalidades de embriagues, mais se configura como um drible de corpo na consciência. Do que plena e lú-cida consciência. Dionisiacamente, sempre, mais uma tomada de inconsciência, do que uma tomada de consciência.
Este modo de sermos, fundamental, impres-cindível, ontológico e ontogênico. No qual subpercebemos propriamente, vivemos em sua quali-dade própria, o possível, a possibilidade. E acolhemos e acalentamos a sua potencialização, o seu desdo-bramento, e ato ação. Este modo de sermos que é prerrogativa ontológica nossa de mergulho no Ser, na potência, no eterno retorno da força. Existencial-mente, momento de uma ins-pir-ação. Meramente porque nele, e só nele, o possível, a possibilidade da superação, que qualificam o humano, são possíveis e se desdobram.
Estas são qualidades do pathos, enquanto modo humano de ser. E o sentido de uma ética, um modo de proceder, que o privilegia. O sentido de uma pathética. Path Ética. Ou seja, de uma ética que privilegia as qualidades de um modo páthico de ser.

Pois bem. Na medida em que o corpo foi des-qualificado, no decorrer do desenvolvimento socrático-platônico da civilização ocidental; na me-dida em que o possível e a força, a potência, foram abominados, o pathos, que é corpo ativo, e morada e agência do possível, a dimensão do possível que constitui o nosso ser, e de sua atualização, o pathos foi, igual e concomitantemente abominado. A pala-vra (pathos), o conceito, este modo de sermos, foram virulentamente assacados, massacrados, torcidos e distorcidos, difamados, degenerados... Até represen-tarem, e intensa e predominantemente conotarem, o sentido de doença, na concepção de patologia. Ou de “doença” mental, em sua mais soturna apropriação pelo ressentimento, na expressão psicopatologia*...
Foi necessário o Humanismo da filosofia eu-ropéia do Século XIX, na sua volta ao Renascimento e à antiguidade grega; foi necessário Nietzsche, e a Fenomenologia, para resgatar o sentido e o valor do corpo, do vivido e dos sentidos. Para resgatar o va-lor do pathos, e de uma path-ética. Para que se pudesse afirmar e resgatar o pathos, o modo de ser da vivência pática, como um valor.
Até que se pudesse entender que este modo pático de ser faz parte de nosso ser, faz parte de nos-sa saúde, e é, não só, a fonte desta saúde, como a fonte de nosso ser. Fonte seminal de geração e rege-neração de nós mesmos, e do mundo que nos diz respeito. Aos quais podemos criar e recriar, gerar e regenerar, na medida em que aceitamos e integra-mos, em que afirmamos, em que vivenciamos na sua propriedade o nosso modo páthico de ser. Que, de resto, só pode ser extinto muito depois que esti-vermos, nós mesmos, extintos. Isto por um motivo muito simples, e comum a todos nós: somos seres do possível, e é especificamente nesse modo páthico de ser que o possível é possível, e se desdobra.
Na verdade, é a restrição, em nossa vida, des-se modo páthico, o seu sufocamento, na reiteração excludente dos ditames e limites da hegemonia da consciência lúcida, calculativa, asséptica, repetitiva, medíocre, obsessiva; a restrição e sufocamento do páthico na hegemonia do limite, do individual e da individualidade, que é a base para o que metafori-camente podemos chamar de “doença”, num sentido existencial, e para todos os distúrbios somá-ticos que podem daí decorrer.

Patéticos sempre houve. Aqueles que enten-diam a loucura da interdição de nosso modo páthico de ser, imolado no altar da vontade de abstração, da racionalidade conceitual, da abstração do corpo e dos sentidos da vida vivida em sua imediaticidade. Vontade que mal se escondia e se esconde como má vontade para com tudo que é vivo, e que de vida palpita. Patéticos que assumiram uma ética do pathos. Ou seja, um modo de proceder que não exclui a a-firmação do pathos, do páthico. Que na verdade o privilegia como modo ontológico de sermos.
Os pré socráticos, que privilegiavam o corpo, o vivido e os sentidos, assumiam uma perspectiva de privilegiamento do pathos. A escola filosófica de Aristóteles ficou conhecida como escola dos peripaté-ticos.
Normalmente, quando se indaga o que signi-fica termo peripatético, responde-se, apressada e sumariamente, que ele designa o fato de que os filó-sofos desta escola filosofavam andando. Daí, diz-se, este termo como designação (!?).
Esta “explicação” sumária deixa de fora o sentido maior. De que, à medida que se caminha, a abstração mental, a mente reflexiva, conceitual e cal-culativa, cede progressivamente lugar ao modo de ser de uma vivência pática. A mente reflexiva cede lugar a uma acentuação do pathos. De modo que o que os filósofos peri-path-éticos buscavam era esta acentuação do pathos, e a filosofação a partir desta vi-vência acentuada do pathos.
Patéticos, então, na medida em que assumiam uma ética, um modo de proceder, que privilegiava o pathos, a vivência páhtica, enquanto método de filoso-fação.
Mais que isso, peri path éticos, na medida em que não apenas privilegiavam a vivência páthica como método, mas assumiam uma atitude ativa de afirmação, e ativo mergulho, no modo pático de ser como estilo de filosofação. Uma querência pelo risco e pela tentativa poiética de atualização de seus pos-síveis. Daí também o sentido de ex-peri-mentação, num sentido fenomenológico existencial.
Aristóteles, seus colegas e discípulos, eram, assim, peripatéticos. E propriamente pode-se, assim, dizer que fizeram escola. Não só patéticos, como pe-ripatéticos, o foram também, dentre outros, Brentano, Nietzsche, o Expressionismo e os expressionistas, Heidegger...
De modo que quando descobriram como mé-todo não só a path ética, mas, em específico, a peri path ética, como modo privilegiado de ser, para o te-rapeuta e para o cliente, os psicoterapeutas fenomenológico existenciais, como Carl Rogers e F. Perls, não só não estavam sendo exatamente origi-nais, como estavam em muito boa companhia...
Começou lentamente, com a qualitativa con-tribuição de C. G. Jung e de Otto Rank, e Sandor Ferenczi, que entenderam que a psicoterapia não ti-nha a ver com o tecnicismo inerente a um modelo objetivista, o modelo médico, em particular, que preconizava a intervenção de um sujeito, o psicote-rapeuta, sobre um objeto, paciente. Evoluiu com as mudanças paradigmáticas dos psicoterapeutas fe-nomenológico existenciais europeus, como M. Boss e L. Binswanger, e os psicoterapeutas relacionais, que enfatizavam a imediaticidade da relação inter humana como elemento fundamental do processo terapêutico. Até desaguar nos modelos peripatéticos das abordagens de Carl Rogers e de Fritz Perls. Ambos preconizando, e buscando criar condições para o, patético mergulho ex-peri-mental do cliente, mergulho efetivamente peripatético, como recurso fundamental do logos metódico de seus modelos.
Concomitantemente, vale observar que, a preconização de uma vivência peripatética para o cli-ente, a partir dos vetores de sua atualidade e atualização existenciais (e não de uma experiência moralista, científica, técnica ou teorizante), como re-curso fundamental de método psicoterapêutico e psicológico, é acompanhada por igual prescrição de disposição metodológica para o terapeuta. Uma disposição fenomenológico existencial experimental, peripathética, como disposição metodológica hábil a facilitar e a potencializar a vivência e desdobramen-to da vivência do cliente.
Não podemos dizer que Carl Rogers tivesse, ao tempo de sua morte, uma articulação teórica, ou consciência plenas, do alcance de suas intuições pe-ripatéticas. Mas podemos certamente dizer que é ele que vai mais longe na preconização e na prática da vivência peripatética como logos metódico de uma abordagem de psicologia e de psicoterapia.
Muito particularmente, em especial, porque ninguém certamente, como Rogers, percebeu, e am-plamente exercitou, de um modo preponderantemente empírico, o poder pático, o po-der de propiciamento peripático do grupo, como ambiência terapêutica, de trabalho psicológico e de crescimento humano. A vivência do processo gru-pal, e de seus desdobramentos vivenciais, como ambiência propícia para a vivência peripatética, e su-as implicações, como modo de ser no âmbito dialógico no qual o possível é possível e se desdo-bra.
Se podemos dizer que Rogers não tinha uma consciência plena, e, em particular, uma articulação teórica cabal, do alcance de suas intuições, não po-demos deixar de ressaltar que, desde o início, suas intuições eram neste sentido distintas. O que se con-figura muito claramente a partir do momento em que ele passa a falar de empatia – em-pathia. E que Empatia, especificamente, significa “dentro do pa-thos”.
Como formulador de uma abordagem de psi-cologia e de psicoterapia, Rogers opera um verdadeiro striptease de concepção e método, em di-reção a uma preconização da vivência pática como ambiência e recurso psicoterapêutico. Preconização amplamente protagonizada experimental e empiri-camente por ele próprio, seja ao nível da vivência da prática da psicoterapia individual, seja ao nível da vivência grupal.
Rogers vai abrindo mão, enquanto psicólogo, enquanto psicoterapeuta, e enquanto facilitador de grupo -- e libertando o cliente --, de uma concepção e de uma prática técnicas, de uma concepção e de uma prática científicas, de uma concepção e de uma prática moralistas, de uma concepção e de uma prá-tica realistas. Como característica de prática e de concepção de si próprio enquanto psicólogo, psico-terapeuta, e enquanto facilitador de grupo.
Rogers vai abrindo mão de um desempenho moralista, de um desempenho técnico, de um de-sempenho reflexivo, de um desempenho científico, ou cientificamente assentado, e mesmo desempenho prático, em direção ao privilegiamento de uma vi-vência páthica, de uma path-ética, em-pathética, na verdade peripathética. Nem teoria nem prática, na verdade uma poiética.
Não é outro o reconhecimento que ele faz do valor de saúde no exercício da liberdade experiencial, da avaliação organísmica da experiência. De resto já preconizadas por F. Nietzsche.
Rogers evoluiu decidida e alegremente no sentido de um modelo que se esmerava em criar condições para que o cliente pudesse dar-se aos in-fluxos de sua experiência organísmica, aos influxos dos poderes de sua atualização e avaliação organís-micas, no âmbito de uma vivência páthica. Isto é o que podemos entender como uma patética. Peripathé-tica.
O Rogers que encontramos na segunda me-tade da década de setenta, até o final de sua vida, é um Rogers imerso no privilegiamento da vivência peripatética no contexto da vivência grupal.
Evidentemente que existe em Rogers uma consideração substancial sobre o método do tera-peuta, sobre o seu modo de ser e de proceder na criação das condições para que a vivência páthica do cliente possa ser privilegiada. E, na verdade, o que Rogers propõe, no essencial, como modo de ser do terapeuta e do facilitador de grupos, é o modo de ser da vivência páthica, empáhtica. Rogers propõe, em essência, um terapeuta, um facilitador de grupos, em-páticos. Que privilegiem se situar, nos melhores momentos de vivência de seu logos metódico, dentro de sua vivência páthica, como modo de ser do tera-peuta e do facilitador de grupo. Modo de ser este que pode potencializar a vivência páthica do cliente e dos membros do grupo, o modo próprio à atuali-zação de seus possíveis.
Patético, Empatético, Peripatético, é o modo de ser privilegiado pelo terapeuta e pelo facilitador de grupo que adota o modelo rogeriano, seguindo o ca-ráter e o estilo patético, Empatético e peripatético de seu preconizador.
Foi ousado, muito ousado, Carl Rogers, a-brindo mão dos sisudos referenciais da ciência de antanho, dos poderes e pseudo poderes que esta fa-culta, dos poderes que permitem a postura técnica, a postura teorizante, a postura moralista, e mesmo e em especial, os valores da prática --, mesmo sem ver claramente o outro lado da travessia.
Hoje, podemos claramente entender que a ci-ência, o científico, o técnico, o teórico, o prático, o moralista, não dão conta da laboração ao nível do existencial, não dão conta da existência, na projeta-tividade do possível e da possibilitação a ela imanentes.
Numa imagem ainda insuficiente, podemos dizer que a relação da ciência com a existência é análoga ao pegar em pétalas com luvas de siderúr-gica. O técnico constitui-se como uma acentuação, ainda, da discrepância. Na medida em que se confi-gura como aplicação do conhecimento científico.
Rogers entendeu isto claramente. E, ainda que não o tivesse articulado teoricamente, fez os movimentos decisivos para definir e constituir a prática da psicologia, da psicoterapia, da facilitação de grupos, no âmbito própria e especificamente da hermenêutica fenomenológico existencial. Diante das insuficiências e inespecificidades da ciência, da técnica e do moralismo, em relação à existência e ao processo de sua atualização.
Limitações e insuficiências na articulação teó-rica, ainda que carentes de superação, não impediram Rogers, não obstante, de experimentar amplamente, ao nível da prática empírica, o modo de privilegiamento do pathos, a patética, peripatética, a ética, como modo de procedimento, de uma herme-nêutica fenomenológico existencial, no âmbito da psicologia, da psicoterapia e da facilitação de gru-pos.
Em particular porque este modo de procedi-mento é o modo próprio e hábil para que experimentalmente se possa engendrar respostas para questões sobre “o que é que esta pessoa pode?” “O que é que pode este grupo?” “O que podem os seus participantes?” “O que posso eu...”
Na medida em que descobrimos e redesco-brimos que é ao modo de ser de uma
ex peri path ética que o possível -- que nossa atualida-de existencial reivindica, solicita, ou desesperadamente demanda – que o possível é efe-tivamente possível, e se desdobra. Possibilita-se.
Temos a descortinar-se diante de nós os pri-mórdios e toda uma história possível, teórica e prática, teórica e empírica, poiético empírica, da psi-cologia, da psicoterapia, e da facilitação de grupos, pertinente a um paradigma peripatético, um para-digma fenomenológico existencial hermenêutico.
E temos a saudar, efetivamente, um grande e sincero pioneiro, com suas ousadas experimenta-ções. O Dr. Carl R. Rogers, um membro distinto da “confraria” dos patéticos, empatéticos, peripatéticos...